quarta-feira, 23 de novembro de 2011

2ª Corrida Ecológica - Serra Grande - 23 de Outubro de 2011




Vitória da Conquista - Praia do Sargi - Serra Grande, 22 e 23 de Outubro de 2011.

           A 2ª Corrida Ecológica marca por ter sido realizada a beira de um dos lugares mais importantes do nosso Estado, em se tratando de preservação e conservação da biodiversidade.

            Situado entre os municípios de Ilhéus, Uruçuca e Itacaré, o Parque Estadual da Serra do Conduru é caracterizado pela Floresta Ombrófila Densa, um tipo de floresta com alto potencial para a conservação da biodiversidade e altíssima diversidade biológica. Os cantos dos pássaros e os cheiros da mata traduzia muito bem o fato desse lugar possuir um dos índices mais elevados do mundo de endemismo, com cerca de 458 espécies diferentes de árvores por hectare, e, por isso, representa um dos blocos mais importantes remanescentes florestais da Mata Atlântica da costa Nordestina.

           Correndo regularmente há apenas 4 meses, tive muita dificuldade no percurso, cheios de aclives e declives no meio da mata. Passamos por algumas pontes improvisadas por fazendeiros locais. O Parque abriga as nascentes de 30 rios e riachos, e com a chuva daquela semana, estavam todos cheios.
Falando nela, obrigo-me a retornar ao momento que eu e Leo passamos por Itabuna, vindo de Conquista. Caiu o maior ‘cacau’. Era chuva que nos fez perguntar o que é que fazíamos ali, com tanta chuva, pra participar de uma corrida ecológica, perto da praia, um programa que, por si só, pedia o sol.



            Puro drama. Quando chegamos à famosa Casa da Empada, um Restaurante e Lanchonete especializada em empadas, indicação do estimado mestre, amigo e amante dessas terras, o Professor Paulo César, ainda com tempo ruim, paramos e comemos nossas maravilhosas empadinhas de camarão. Como num passe de mágica do senhor do tempo, o vento empurrou as nuvens e trouxe o sol para curtirmos o fim de tarde da sábado (22), dia anterior à Corrida.





                   Chegamos de surpresa, pois meus irmão e mãe não sabiam ao certo da nossa ida, pois havia falado que se tivesse chovendo, eu não iria. Ah, foi a alegria de sempre, reencontrar entidades tão altas, apesar de mais baixos que eu na altura, são tão altos em consciência, lindos como nunca. Fizemos a farra, comemoramos e o sol inacreditavelmente já estava bombando, assim como a nossa vontade de tomar um banho de mar.


        Fomos à praia, e demos uma corridinha leve pra sentir o corpo. 2 km, e a barra do Rio Sargi nos ofereceu um excelente banho e boas estórias sobre o local. Leo e sua amada, a amiga Lara, que o digam. (risos)

        Uma maravilha. Nesse dia, dormimos cedo para acordarmos dispostos no dia 'D'.





             Acordei, como de praxe, antes de todos na casa, chamei Sam, o cachorro gente de minha mãe, e fomos à praia. Lindo ver o sol nascer no litoral, mesmo com tantas nuvens no céu do lado oposto. Ao retornar, a chuva fina contribuiu para a formação de um lindo arco-íris. Já cheguei em casa querendo cumprir o que havia prometido na noite anterior: ligar o som que havíamos trazido, e acordar a galera com o microfone em punho.





Deixei mais um pouco, era cedo, porém teríamos que agilizar o que comer, aí eu voltei atrás, liguei o som e ATENÇÃO, CORREDORES DE PLANTÃO! É CHEGADA A HORA! VAMOS ACORDAR?


Acho que meu irmão quis me matar (risos), já que ele havia chegado mais tarde na noite anterior. Mas logo acordamos, alongamos o corpo, comemos e partimos para Serra Grande com uma vibração, um astral completamente estranho. Eu gritava no carro, o coração acelerava mais e mais, ao som de Curumim, com a música "Magrela a Ferver" (acima o link).
E quando chegamos ao local da partida, ninguém. Como assim? “Não seria aqui na praça principal da vila?”, pensamos.


Logo encontramos dois aventureiros praticantes de rapel, que estavam aguardando o transporte e os outros praticantes que fariam uma descida em algum lugar maravilhoso. Eram os mesmos responsáveis pela tirolesa do Mirante I, de Serra Grande, e nos fizeram companhia. Até eu avistar o surfista, bartender e amigo Regis Savóia, de Sampa, que eu já tinha visto noutra oportunidade, mas não tive a certeza de que tivesse sido ele. Fui ao seu encontro e dei um abraço no butterflysurfboy, livre. Calma, moçada. Não é o que estão pensando. O Regis havia tido um problema com a justiça e teve de cumprir parte de uma pena sentenciada há algum tempo em São Paulo, mas executada em Itacaré, cidade na qual residia e nos conhecemos. No período em que ficou preso, seus amigos fizeram um grupo no Facebook intitulado “Lagartas da Sociedade”, a remeter uma metáfora do que seria seu período no cárcere, um casulo para voos subliminares da consciência, onde eram compartilhadas suas cartas, e as palavras de incentivo dos amigos e familiares, enfim, muito legal vê-lo bem e feliz, com um novo projeto lá em Serra Grande mesmo. Voltaremos pra fazer umas zoadas por lá. Batemos papo até um morador da vila passar e nos avisar que havia pessoas com camisas da corrida na entrada da vila, e fomos conferir.


Depois de pensarmos que não aconteceria a corrida por conta do mau tempo, encontramos, além do local da partida, os pontuais e certeiros Caíque Galvão e Marcinha Beijo Frio, mãe e irmão, que aguardaram o momento certo em casa, preparando-se para a prova. Fizemos nossa inscrição, acertamos o carro de apoio para voltarmos da Vila do Retiro com um dos organizadores, e aguardamos a largada, mas antes, com a presença da TV Santa Cruz, os participantes, num gesto caloroso e afetivo, cantaram os parabéns para Seu Antônio Alencar, organizador e atleta campeão da categoria 60 anos ou mais, que comemorava 42 anos de atletismo em alto estilo.







Antes da largada, ouvimos as instruções e partimos para nossa primeira meia maratona.
A terra estava muito molhada, pesada, o que dificultou bastante a conclusão da prova. Como minha competição era comigo mesmo, fui no ritmo que aguentava. Foi uma pena eu ter comido pão com queijo e leite no café da manhã, além das frutas, é claro. Tive uma azia forte, que me incomodou demais a partir do km 7. Teve momento que foi necessário pedir um pouco d'água a alguns dos participantes que passavam. Ainda faltava um pouco para o primeiro ponto de apoio, e continuei.







Como havia dado um gás no início, não vi mais o pessoal até o final da prova. Apenas dois amigos de meu irmão, Caio e Sérgio, passaram por mim, mas acabei ultrapassando os dois no meio do caminho. Falando em meio do caminho, não foi fácil se concentrar apenas na prova com tantos cenários, cheiros, e cantos tão exuberantes. Teve um ponto que tinham uma espécie de pássaro com um canto tão peculiar e intenso, que todos do grupo comentaram ao final.

O som da mata nos faz perceber o quanto estamos expostos a ruídos indesejáveis, assim como o telefone que toca agora, os carros que passam nas ruas, ao escrever esse post.


Nem as subidas e descidas, nem a lama, a chuva, as câimbras, o tênis molhado e, por isso, os temíveis calos, fizeram-me desistir de alcançar o objetivo. Talvez esse seja o grande estímulo para continuarmos, persistirmos em algo maior: a felicidade da sua conclusão em algo. Pra mim, essa prova e o meu momento na universidade dobraram essa sensação.




Os primeiros colocados, tanto no masculino quanto no feminino foram Itamar Lira e Eliene Soares, de Itabuna, com os tempos de 1h 12m 40s e 1h 33m 49s, respectivamente.

Completei a prova em 2h10’, nem sei em qual posição no geral dos mais de 50 atletas, mas o mais importante eu consegui: vencer a mim mesmo, e aos meus companheiros de corrida, é claro (risos). Cheguei pouco a frente do segundo e terceiro colocados de nossa turma, Sérgio e Caio, 30 minutos após, meu comparsa de descida do Marçal, Leo, e 50 minutos de Alan Cunha e Cai. Eis que fui o Campeão da Equipe Mafu! Êbaaa!





Ao final, almoçamos por lá mesmo e fomos ao redentor banho de cachoeira, em Serra Grande. Lavamos os corpos e as almas, e planejamos o retorno para o próximo ano.



Voltando do banho, passamos por cima de uma jiboia que atravessava a rodovia. Não acreditamos, e eu pedi para voltarmos e vê-la de perto. Coisa linda vê-la assim, sem as telas de vidro ou em piscinas de zoológicos, ali, ‘into the wild’.









Lembrando às meninas que comentaram a foto da jiboia no Facebook, quis fazer uma sincera homenagem ao colocá-las como não-venenosas, pois trata-se de uma jiboia, e, ao mesmo tempo, passar a ideia de que estão todas juntas, unidas num grupo espiritual forte e muito belo. Amo)))





 Mais fotos do dia



















Marcinha e seu pesinho gongado! Ôh, mãe! (risos)











São momentos e imagens que ficarão na memória por muito, muito tempo.